Sobre permitir-me

Já devia ter aprendido a não fazer promessas. Quando se respira mudança como eu, aquilo que dizemos hoje, amanhã já mudou de figura. Sinto genuinamente que vivo anos em semanas. Vivo várias vidas num só dia tantas vezes. E quando a energia está rápida como nesta era de gémeos, isto vira um rodopio tamanho. Prometi no último post que vinha partilhar as lições da minha aventura, mas olhem, já não me faz sentido. É como se tivesse a partilhar algo que aprendi há três anos atrás. Está demasiado distante já.

Há um mês atrás parti de mochila às costas de Lagos com o objetivo de caminhar durante 6 dias até chegar a Aljezur. Fui percorrer a pé as etapas que me faltavam do trilho dos pescadores da rota vicentina. Em 2021, tinha ido de Porto Covo a Aljezur e agora fiz o resto. Para quem já me conhece, sabe que fazer trilhos na natureza é uma das minhas grandes paixões. É incrível o quanto me nutre e me permite reconectar comigo mesma e ouvir a minha alma. É incrível que é sempre através do corpo em movimento que volto a mim, me alinho e abro espaço para a expressão divina. Foi mesmo muito mágico e elevou tanto a minha energia que quando regressei comecei a manifestar oportunidades inacreditáveis.

Sinto genuinamente que estou numa das melhores fases da minha vida até hoje. Nunca me tinha sentido tão confiante e empoderada como me estou a sentir. E depois ver o que me está a acontecer externamente só me faz ter cada vez mais certezas que o trabalho é mesmo dentro. É mesmo quando curamos e elevamos a nossa energia que tudo se torna possível. 

Sinto genuinamente que neste momento não há impossíveis e que tudo pode acontecer para mim. Eu só preciso permitir-me e estar aberta a receber. Só preciso deixar-me guiar porque tudo se torna muito fácil quando confiamos nesta força maior que nos guia a todo o momento.

Dá medo, dá muito medo, mas quando libertamos o controlo, confiamos e dizemos sim à vida a magia acontece mesmo. Quando paramos de nos limitar porque achamos que não somos suficientes, porque temos medo da nossa grandeza ou de que ela seja apenas uma ilusão, os limites deixam mesmo de existir.

A maior parte das nossas barreiras são auto-impostas. Somos nós que nos colocamos os impossíveis. Somos nós que não nos permitimos sonhar, que não nos permitimos acreditar que os nossos desejos são nossos por algum motivo.

Não há nenhum desejo da tua alma que não seja suposto ser realizado.

Vou contar-te um segredo. Há muitos anos que tenho um sonho. Creio que o meu maior sonho em termos profissionais. O sonho de ter um espaço físico. Sempre tive a certeza que isso um dia se iria realizar, mas sempre achei que era muito difícil. Quando em maio me sentei com a energia do meu projeto ele disse-me que queria ser lançado com um espaço físico. Eu ri-me. E sinceramente nem validei essa informação, era algo demasiado distante para mim. Só que nós não controlamos mesmo nada para o bem e para o mal. Eu elevei a minha energia, abri espaço para a vida se abrir para mim e do nada o universo estendeu-me a mão e perguntou-me "Queres?". A minha mente gritava que era impossível e uma loucura, mas o meu corpo nunca teve dúvidas que era um SIM gigante. E de uma semana pra outra o meu sonho realizou-se. Eu vou ter um espaço, o meu espaço.

Ver isto acontecer-me assim de mão beijada só veio reforçar aquilo que já sabia e que tanto defendo, não é sobre aquilo que fazes, é sobre o espaço interno de permissão. A vida acontece para nós a cada momento, mas precisamos estar preparadas para dizer sim. É sobre confiar. Em nós e neste invisível que conspira a nosso favor. É sobre libertar as pedras internas que nos bloqueiam o caminho e acreditarmos que merecemos receber tudo de bom que a vida tem para nós. Que merecemos concretizar os nossos sonhos. É sobre curar e criar a estrutura interna que sustenta a nossa coragem de dizer sim.

Isto não me estaria a acontecer se não tivesse andado nos últimos anos a olhar de frente a minha dor e a curar tantas partes minha que me impediam de viver. 

Vir pra vida é muito mais do que estar vivo. E uma tarefa tão difícil para tantos de nós.

Ver-me ter chegado a este espaço interno, que há tão pouco tempo achei que nunca seria possível, é mesmo o melhor disto tudo. Sei que dias negros virão, que vou voltar a colocar tudo em causa e a sentir que regredi. Mas também sei que isso é só o meu processo de evolução a acontecer e que cada vez mais lidar com os dias negros se torna mais fácil porque as ferramentas internas que ganhei para gerir aquilo que sinto não vão embora. Porque fiz um pacto comigo mesma de não abandono e aconteça o que acontecer eu sei que me tenho sempre a mim e isso basta.

A jornada de criação é mesmo um caminho de desenvolvimento pessoal, que exige mais de nós, que pede para nos transcendermos a cada passo, que nos faz mergulhar na dor, na sombra, mas que também nos pede para nos permitirmos brilhar. É uma dança constante. Que pode ser muito mágica se nos permitirmos dançá-la. 

Let's dance!

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